A operação que culminou na prisão do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, pivô do escândalo do mensalão, na manhã desta sexta-feira (2) em Belo Horizonte, teve início com uma campana da polícia iniciada na segunda-feira (28).
Segundo o delegado Denilson dos Reis Gomes, da Polícia Civil de Minas Gerais, uma equipe ficou observando a movimentação de Marcos Valério durante a semana toda. Hoje, por volta das 6h, a polícia interfonou e o próprio Marcos Valério atendeu e perguntou quem era. Disseram que era da polícia da Bahia e que investigavam o esquema.
Ele respondeu: "Ah tá, já sei". E pediu para entrarem para que pudesse tomar um banho e se arrumar para ser levado.
A polícia esperou cerca de 30 minutos na mansão de dois andares do empresário, que tinha três carros na garagem: dois da marca Mitsubishi (Pajero e Outlander), e uma Toyota FW4.
Ao deixar a sua casa, Marcos Valério deixou a filha e a mulher que olhavam da porta.
Lula Marques - 6.jul.2005/Folhapress |
Acusado de operar o esquema do mensalão, Marcos Valério é preso por suspeita de grilagem na Bahia |
A casa de fica no bairro São Luís, na região da Pampulha, e tem uma guarita na frente, mas estava vazia hoje.
OPERAÇÃO
Pivô do escândalo do mensalão, Valério foi preso hoje em Belo Horizonte durante uma operação deflagrada pela Polícia Civil da Bahia contra suspeitos de grilagem de terras no oeste do Estado.
Ao todo, 15 pessoas foram presas na Bahia, em São Paulo e em Minas Gerais. Valério e seus sócios da DNA Propaganda foram detidos em Minas, segundo o delegado Carlos Ferro, responsável pela investigação.
Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, junto com Valério foram presos três ex-sócios das agências de publicidade envolvidas no esquema do mensalão: Margareth Freitas e Francisco Castilho (ex-sócios na DNA) e Ramon Hollerbach (ex-DNA).
Após a prisão, eles foram apresentados à imprensa da capital mineira e em seguida foram para o IML (Instituto Médico Legal) para fazer exame de corpo delito. Depois, seguem para a Bahia com a equipe de policiais que foi até o Estado prendê-los.
A Operação Terra do Nunca, como foi batizada a ação deflagrada hoje, visava prender empresários e funcionários de cartórios envolvidos em falsificação de documentos para grilar terras.
Segundo Ferro, Marcos Valério começou a ser investigado pela polícia baiana em 2010 após a Procuradoria da Fazenda Nacional de Minas Gerais requisitar informações sobre cinco fazendas apresentadas por ele em garantia em um recurso contra a execução de uma dívida de R$ 158 mil com o fisco.
As fazendas Cristal 1, 2, 3, 4, 5 somavam 17.100 hectares, mas na verdade elas não existiam, segundo o delegado.
"Era só no papel. A matrícula que originou o registro das cinco fazendas que o Marcos Valério apresentou como garantia era um terreno de 360 metros quadrados", contou o delegado.
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